- walter tierno
Espírito de um, sangue de outro
Momento “opinião não solicitada”: Um dia, durante um evento (não lembro qual), ouvi de um escritor – que estava dando dicas para comportamento em redes sociais – que os colegas deveriam evitar polêmicas, quiçá abster-se de emitir opiniões e fazer comentários. Que deveriam falar somente sobre seus livros e/ou assuntos que não provocassem cizânia (para os mais novos: treta). Da maior parte do que ele disse, discordei. Quem me segue e conhece sabe quanto sou reservado e econômico em opiniões. Quando me manifesto, é só quando tenho absoluta segurança sobre a posição exposta e, não raro, chego a voltar atrás e pedir desculpas quando percebo ter errado. Tenho horror à leviandade. E profundo desprezo pela mentira descarada e maldosa. Sempre digo que levantar bandeira é um ato muito sério e deve ser pensado. Mas acredito que o escritor que se esconde do mundo atrás de uma dita carreira, de uma ficção que se pretende paralela à realidade, é algo, no mínimo, estranho. O escritor e a escritora são, antes de tudo, Observadores. Leitores do mundo, que eles tentam retratar em seus textos. Como poderiam ignorar o que os rodeia? Como poderiam se abster tanto assim? Não dá. Por mais que queiram fingir, não é possível. O que vou dizer pode irritar e chatear uns poucos escritores e escritoras, mas não confio em “colegas” que se abstêm tanto assim. Que, em suas vidas públicas (por que é assim que devem considerar suas atuações em redes sociais) não falem de mais nada além de suas histórias e seus personagens. Não que tenham que emitir opinião sobre TUDO. Isso seria insano e chato. Mas não emitir opinião sobre NADA, NUNCA, é tão estranho e chato quanto. Ou, em outras palavras: Não gosto de quem tem espírito de porco, nem de quem tem sangue de barata.